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A ameaça da Inteligência Artificial

Bem, esse é um assunto que tem tirado o sono de muitos profissionais da área artística e de geração de conteúdo. Imagina só: Um indivíduo que não tem nenhuma ou quase nenhuma habilidade artística, consegue, por meio da elaboração de premissas bem feitas de 10, 15, 20 ou 30 palavras, gerar um resultado quase que instantâneo, seja um texto, uma imagem, linhas de código, etc, que um profissional que está há anos se preparando, estudando, praticando e investindo em equipamento teria após algumas horas, ou quem sabe dias, de elaboração.


Indo direto ao ponto delicado da coisa, e eu diria que o calcanhar de Aquiles da IA, ferramenta que se tornou febre nos últimos meses, teve que passar, e ainda está passando por um processo de aprendizado, pois ela não cria nada do zero, ela transforma uma série de aprendizados, que vieram de uma enorme base de dados, combinando-os e gerando um resultado final. Portanto, há grandes discussões sobre direitos autorais e se o material que foi utilizado para aprendizado foi autorizado pelos seus criadores para que servissem a esse propósito. Em minha humilde opinião, duvido que alguém tenha autorizado conscientemente, pois conheço algumas pessoas que tiveram sua voz "clonada" e está sendo utilizada indiscriminadamente por algum ser inescrupuloso, mas aí a discussão não tem fim.


A União Européia, por exemplo, já está alguns passos à frente nessa discussão para regularizar o uso da IA em algumas atividades, porém isso ainda está restrito a tarefas estratégicas e muito específicas envolvendo decisões judiciais, reconhecimento facial, estratégia militar, etc. Aqui no Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei PL 21/2020, que cria um Marco Regulatório para o setor, mas que ainda não foi votado no Senado Federal até a data em que escrevo esse artigo (22/02/2023).


Enquanto isso, a IA vai ganhando espaço com seu toque de magia e penetrando com seus longos e inúmeros braços assustadores nas mais diversas áreas.


Para sitar alguns exemplos:

- Voz a partir de texto,

- Criação de textos baseado em orientações básicas,

- Resumo de textos maiores,

- Criação de texto (histórias, textos comerciais, etc),

- Reescrever e simplificar textos existentes,

- Criação de imagens a partir de instruções precisas,

- Criação de música à partir de modelos e orientações escritas,

- Elaboração de códigos de programação, etc.


É assustador!!


Eu mesmo já fiz o uso da IA no chat GPT e no Midjourney por exemplo e é impressionante.

No chat GPT da openai.com, criei um texto publicitário para um produto fictício que ficou muito bom por sinal; linhas de programação em java para utilizar no workflow do Alfred; fiz diversas perguntas para testar a IA e fiquei assustado com os resultados.

Da mesma forma, no Midjourney e em outros similares, eu criei imagens fantásticas baseadas em instruções com cerca de 10 palavras e digo para você que são imagens dignas de um game top das galáxias.


Lógico que há críticas em relação a esses resultados e não poderia ser diferente. Tem gente que diz que os textos criados pela IA não tem um conteúdo robusto; há notórias falhas lógicas em algumas considerações... Eu estava conversando um dia com uma amiga veterinária sobre a IA e falei para ela fazer uma pergunta, qualquer pergunta não óbvia e que ela soubesse a resposta para eu fazer para a IA. Ela perguntou algo como "Qual o volume da vesícula biliar de um cavalo?". A IA deu a resposta muito bonita e eu passei orgulhoso para ter sua avaliação. Para minha surpresa, ela disse que o cavalo não tem vesícula biliar. Então, tá, concordo, ela erra, mas a quantidade de acertos é muito grande. E se você utilizar com moderação, ela pode te poupar um bom trabalho com uma estrutura inicial de um texto por exemplo ou mesmo as linhas de código de programação e aí você apenas faz as devidas correções, complementações, cortes ou o que achar necessário.


Enfim, e como isso está ameaçando a nossa área de locução comercial?


Bem, não é de hoje que a voz humana vem sendo estudada junto da criação de bots para que estes "leiam" textos inéditos, não lidos pela voz original, porém utilizando os seu timbre. Isso já rendeu muitos processos e até hoje são uma dor de cabeça para o artista da voz, que tem que batalhar com um advogado para encontrar qual foi o cliente que se apossou "indevidamente" de sua voz e acabou utilizando, sem autorização, para estes fins. Vale atentar ao fato que quando os idealizadores destes apps ou sites estavam "ensinando" seus bots a aprenderem as novas vozes, eles não compraram as vozes com esse intuito. Provavelmente apresentaram uma finalidade mais corriqueira como um spot, uma URA, etc, porém nas letrinhas miúdas do contrato, se é que existiu um, pode ter sido especificado algo como "usos diversos, ainda não previstos, etc", que caem facilmente por terra quando discutimos o direito personalíssimo perante um juiz, mas até se provar que focinho de porto não é tomada e que o material foi pego com má fé, é uma discussão será muito ampla e desgastante.


Então, atualmente o que temos são diversos apps e sites que prometem te entregar um arquivo de áudio mediante a simples entrada de um texto. Você escolhe a voz, que pode ser de uma personalidade ou não, e vualat!


E como soam estes áudios? Será que realmente podem substituir o humano? Soam natural, com emoção?


Bem, atualmente, enquanto escrevo este artigo, temos muitos casos que ainda soam robóticos, sem emoção, flat; chame como quiser. No entanto, já temos casos, principalmente em inglês, que estão se aproximando da perfeição.

É lógico que dificilmente substituirão a voz humana em todas as suas nuances e complexidades de emoções sem a intervenção de um programador ou alguém que dê certas orientações, mas o aprimoramento desta ferramenta é exponencial. A melhora no resultado é perceptível, pois tanto os programadores quanto os algoritmos que gerenciam essa rede neural estão se aprimorando também.


Produtos como audio-livros, vídeos do youtube sem grande compromisso ou material para o tic tok, por exemplo, já são substituídos em parte. Por mais que a leitura de um livro por IA soe maçante, ele é gerado rapidamente, de forma mais econômica o que acaba refletindo no preço para o consumidor final. E aí que está o grande X da questão:

Se essa ferramenta trouxer resultados satisfatórios a custos baixíssimos, não tem dúvida que a indústria irá utiliza-la e aí.... bye bye a profissão de locutor.


O que nos conforta é que esta equação não tem só a variável da indústria, mas também a do cliente, a dos artistas e a do governo, que são os players que podem regular essa questão:

- Os clientes podem simplesmente se importarem com alguns conteúdos gerados por IA e rejeitarem essa ideia mantendo a necessidade da geração convencional com conhecemos hoje. Alguns clientes já utilizam a IA para outros fins como já mencionei acima.

- Os artistas são um fator muito importante nesse assunto, pois já vemos testes sendo feitos e com muito sucesso em que mostra o Leonardo DiCaprio, por exemplo, falando com sua voz em Japonês, Tailandês, Alemão, etc. De forma a defender a classe artística e até evitar que suas próprias vozes na lingua nativa sejam mão utilizadas, eles poderiam firmar sua posição perante a IA.

- O governo, como órgão regulamentador, deveria sim abordar o tema com seriedade e avaliar as consequências do mau uso, assim como para quais usos ela poderia ser utilizada. Assim teríamos um pouco mais de tranquilidade e não um faroeste caboclo, parecendo a corrida do ouro e pessoas alegando ganharem fortunas com a IA a cada dia.


Portanto, esse ainda é um assunto novo, apesar de já estar sendo discutido mais fortemente no Brasil desde 2020, mas que só tem ganhado mais exposição recentemente dados os diversos app, sites, grupos do Discord, promessas de ganhar dinheiro fácil e outras loucuras. É lógico que em algum momento teremos uma regulamentação, mas não sabemos quando e qual o estrago a IA já terá feito no mercado. O mais importante ao meu ver, é que não podemos desistir de nosso sonho, de nossa habilidade. Precisamos continuar investindo em sermos bons no que fazemos. Sermos diferenciados no que entregamos. Colocarmos a emoção em cada palavra que gravarmos. Isso é o mais importante. E como tudo é cíclico neste mundo, futuramente quem tiver a voz original para uma leitura, poderá ser a raridade e aí seu valor voltará a ser diferenciado. Enquanto isso... vamos acompanhar o mercado e as evoluções e fazer um bom uso desta ferramenta, pois afinal, uma das grandes reclamações que os locutores têm é de não terem bons textos para fazerem seus demos. Então porque não usar a IA para rabiscar alguns destes materiais com produtos fictícios?


Até mais





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